Veja como funciona o IVA Dual, entenda sua lógica, seus impactos e saiba como posicionar sua empresa de forma estratégica diante do novo cenário tributário brasileiro.
Você sabe o que realmente muda com o novo modelo de tributação sobre consumo no Brasil?
Essa dúvida é comum entre empresários, gestores, empreendedores e até consumidores que acompanham a evolução da Reforma Tributária.
Embora o tema possa parecer complexo, entender o IVA Dual é fundamental para quem busca previsibilidade, segurança jurídica e eficiência nos próximos anos.
Ao longo deste artigo, você verá por que o IVA Dual foi criado, como ele será aplicado, quais tributos serão substituídos, como funcionará o sistema de créditos, como ocorrerá a transição até 2033 e quais impactos esse novo modelo terá para empresas e consumidores.
Ao final, você também saberá como se preparar para essa transformação com organização e estratégia.
Índice
O que é o IVA Dual e por que ele foi criado?
O IVA Dual é o novo modelo de tributação sobre consumo estabelecido pela Reforma Tributária (Emenda Constitucional 132/2023).
Ele reorganiza o sistema atual — considerado complexo, desigual e propenso a litígios — e o substitui por uma lógica mais moderna, transparente e alinhada a padrões internacionais.
Hoje, os tributos sobre bens e serviços são divididos entre União, Estados e Municípios, com regras e interpretações distintas.
O IVA Dual surge justamente para corrigir essas distorções e simplificar o fluxo tributário.
Com ele, o país passa a trabalhar com dois impostos sobre valor agregado: um federal (CBS) e um subnacional (IBS).
Essa reorganização busca trazer mais clareza, menor cumulatividade, redução de conflitos e um ambiente de negócios mais previsível.
Como funciona o IVA Dual, na prática?
O IVA Dual funciona com base no valor agregado, ou seja, apenas o valor que cada empresa adiciona ao produto ou serviço é tributado.
Assim, elimina-se o efeito cascata e o sistema se torna mais transparente.
Ele é composto por três tributos:
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Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS)
Substituirá PIS e Cofins.
Terá incidência ampla sobre operações com bens e serviços em todo o território nacional.
O IPI terá suas alíquotas reduzidas gradualmente até chegar a zero, sendo mantido apenas para preservar a competitividade da Zona Franca de Manaus.
Além disso, a Reforma cria o Imposto Seletivo, que complementa o novo modelo.
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Imposto sobre Bens e Serviços (IBS)
Unificará ICMS e ISS.
Sua gestão será centralizada pelo Comitê Gestor do IBS, responsável por regulamentação, arrecadação, distribuição e contencioso administrativo. Essa estrutura reduz disputas entre Estados e Municípios e padroniza regras.
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Imposto Seletivo (IS)
Tributo federal destinado a incidir sobre bens e serviços prejudiciais à saúde ou ao meio ambiente, como cigarros, bebidas alcoólicas e itens poluentes.
O Imposto Seletivo opera fora do sistema de IVA Dual, mas compõe o novo modelo de tributação do consumo.
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A lógica do valor agregado e os créditos tributários
A Reforma fortalece a não cumulatividade.
Isso significa que a empresa recolhe CBS e IBS apenas sobre o valor que ela adicionou à operação, e tudo o que já foi pago anteriormente gera crédito.
O sistema de créditos será mais amplo e com menos restrições do que o atual PIS/Cofins, reduzindo conflitos, litígios e interpretações divergentes.
Essa lógica eleva a competitividade, promove maior transparência e reduz distorções na formação de preços.
Período de transição: como será a migração até 2033?
A transição será gradual, conforme definido pela própria Constituição.
O cronograma é o seguinte:
2026: Ano teste
- IBS: 0,1%.
- CBS: 0,9%.
Os valores recolhidos serão compensados com os tributos atuais.
Essa fase serve para ajustes operacionais e adaptação dos sistemas das empresas.
A partir de 2027: Início oficial da CBS
- Extinção de PIS e Cofins.
- Redução progressiva do IPI, com exceções para a Zona Franca de Manaus.
- Início da vigência do Imposto Seletivo.
2029 a 2032: Transição ICMS/ISS para IBS
- Alíquotas do IBS aumentam gradualmente.
- ICMS e ISS diminuem progressivamente, até serem extintos.
2033: Reforma plenamente implementada
- ICMS e ISS deixam de existir.
- CBS e IBS se tornam os principais tributos sobre consumo no Brasil.
Esse cronograma permite planejamento antecipado e evita impactos bruscos para empresas e consumidores.
Impactos do IVA Dual para empresas e consumidores
Empresas: mais simplicidade e previsibilidade
O IVA Dual reduz divergências regionais, padroniza regras e torna o sistema tributário mais neutro e transparente.
Isso facilita projeções de custos, formação de preços, apuração de tributos e tomada de decisões gerenciais.
Mesmo que o volume de obrigações acessórias ainda dependa de regulamentações futuras, a tendência é que o custo de compliance diminua no médio e longo prazo, em razão da digitalização e integração das administrações tributárias.
Consumidores: transparência e justiça tributária
Entre as mudanças que beneficiam o consumidor, destacam-se:
- Cesta Básica Nacional de Alimentos com alíquota zero.
- Mecanismo de cashback para famílias de baixa renda, reduzindo desigualdades.
- Diminuição de distorções em setores impactados pelo efeito cascata.
Essas medidas podem tornar o sistema mais justo e eficiente para a população em geral.
Empreendedores e profissionais liberais: necessidade de adaptação
Embora o modelo prometa simplificação, sua implementação exigirá ajustes, como:
- Atualização de sistemas internos,
- Revisão de modelos de precificação,
- Controle mais estruturado de créditos,
- Adequação de rotinas fiscais e contábeis.
Importante destacar que o Simples Nacional continuará existindo, mas haverá regras específicas sobre a interação entre o regime simplificado e os novos tributos, o que será detalhado em lei complementar.
Como se preparar para a nova estrutura tributária?
A preparação antecipada é o diferencial que separa empresas que enfrentarão dificuldades daquelas que colherão oportunidades.
Veja os passos essenciais:
1. Mapeie sua estrutura tributária atual
Identifique quais tributos incidem sobre suas operações e como eles serão substituídos. Isso permite entender o impacto real da Reforma.
2. Atualize sistemas e processos internos
Ferramentas de gestão, emissão de notas fiscais e controles de crédito deverão ser ajustados para operar com CBS e IBS.
3. Acompanhe normas complementares
Grande parte das regras do novo sistema será detalhada em lei complementar, por isso acompanhar atualizações é essencial.
4. Conte com apoio especializado
Uma contabilidade consultiva preparada para a Reforma Tributária pode ajudar sua empresa a interpretar normas, simular cenários, ajustar processos e evitar riscos durante a transição.
Prepare sua empresa agora para uma transição segura e vantajosa
O IVA Dual marca uma mudança estrutural na forma como o Brasil tributa bens e serviços.
Não se trata apenas da substituição de tributos, mas de uma reorganização completa do sistema de consumo.
Empresas que se antecipam a essa transformação ganham tempo, reduzem riscos, planejam melhor suas estratégias e se posicionam de forma mais competitiva no novo cenário tributário.
Se você deseja tomar decisões sólidas, compreender os impactos da Reforma no seu negócio e garantir uma transição tranquila, conte com o suporte de uma contabilidade consultiva especializada.
Assim, sua empresa estará preparada para aproveitar plenamente os benefícios do novo modelo que está se aproximando.
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